domingo, 15 de março de 2009

SEU NOME ERA CAIO











Todos os dias ele saía do seu apartamento, descia pela escada e sentava na sala de estar do prédio. Caio morava com seus tios, seu pai havia morrido e sua mãe desaparecido. Tinha poucos amigos. Não trabalhava, não estudava. Apesar da rotina incansável, ele era um cara muito inteligente, cheio de histórias piradas, bem humorado e vivia rodeado da moçada que morava no prédio. Sempre parava alguém para conversar e muitas vezes, levava um tempo considerável jogando conversa fora e dando boas gargalhadas.
Em uma dessas tardes, despencou uma chuva terrível... muitos trovões, muita água. Ele não gostava de chuva. Tinha medo. Tentou localizar alguém para conversar, mas todos aqueles que ele considerava estavam fora de casa. Escolheu uma das poltronas mais distantes da janela. Ele tinha uma doença psicológica, em alguns momentos entrava em crise, principalmente quando tinha medo. Naquele dia, o medo foi consumindo ele. A chuva aumentava e no momento de um surto, ele levanta e caminha até uma das janelas que estava toda molhada. Fica ali, parado e sua vida vai rolando em sua mente como um filme triste. Ele pede socorro e ninguém o ouvi. No desespero, ele sai correndo e sobe as escadas parando de andar em andar, tocando as campainhas de vários moradores e ninguém lhe da atenção, pelo contrário, algumas pessoas começaram a dar queixa do incomodo. Chamaram uma ambulância e o levaram dali. Caio foi levado para um lugar que nunca mais voltou. Aqueles poucos amigos que o admiravam pela cabeça brilhante e um humor inigualável, sentiram muito a sua falta. Anos se passaram e estes poucos amigos ainda sentem a sua falta...eles levam, sempre que podem, grandes ramalhetes de flores imaginárias que vão ao encontro da sua mente brilhante.

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